quarta-feira, 17 de março de 2010

Os períodos da Pré-História

Texto retirado do livro “História Geral e Brasil – Ensino Médio” do prof. José Geraldo Vinci de Moraes, Editora Atual, 3ª edição reformulada e ampliada, São Paulo, 2009, p.p. 16-18

O início da história humana

Para compreender melhor as conquistas e o processo de desenvolvimento do ser humano durante a Pré-História, costuma-se dividir esse longo período em Paleolítico (paleo-, do grego palaiós, “antigo”, e lítico, do grego lithikós, “pedra”) e Neolítico (neo-, do grego néos, “novo”). Esses períodos são conhecidos também como Idade da Pedra Lascada e Idade da Pedra Polida, respectivamente.

No entanto também para efeito de estudo, certos historiadores delimitam outros períodos. Por exemplo, alguns destacam do Neolítico um período posterior, o da Idade dos Metais, que teria tido início há cerca de 6 mil anos. Outros identificam um período intermediário, o Mesolítico (meso-, do grego mésos, “meio”), fundado em uma realidade climática e geográfica específica determinada pelo fim do período glacial. Alguns autores consideram esse período uma espécie de transição (de 12 mil a 9 mil anos atrás) entre o Paleolítico e o Neolítico, outros acreditam que se trata de uma realidade histórica restrita à Europa, conforme veremos adiante:

O Paleolítico

O Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) começou com o aparecimento dos primeiros hominídeos (há pelo menos 2,5 milhões de anos) e estendeu-se até aproximadamente 10 mil anos atrás. Nesse período, o ser humano era caçador e coletor. Sua subsistência baseava-se na pesca, na caça e na coleta de vegetais e raízes. Tais atividades tornavam-no um nômade, uma vez que era obrigado a percorrer longas distâncias em busca de alimentos. Portanto, o ser humano ainda não transformava a natureza para favorecer sua subsistência; era apenas parte integrante dessa natureza. Foi nessa época que ele produziu os primeiros instrumentos rudimentares e fez algumas conquistas importantes, como o controle do fogo (há mais ou menos 200 mil anos).

Como é um período histórico muito longo, o Paleolítico geralmente é subdividido em três: Inferior, Médio e Superior.

O Paleolítico Inferior ocupou a maior parte da era glacial, um período de resfriamento da Terra que aumentou a área e a duração das geleiras.

No Paleolítico Médio que teve início aproximadamente há 125 mil anos, os seres humanos desenvolveram instrumentos mais sofisticados – arcos, flechas, anzóis e pontas de lanças mais requintadas – e já controlavam bem o fogo. Supõe-se que nesse momento iniciaram-se as manifestações de vida religiosa e o uso de uma linguagem socialmente mais articulada.

No Paleolítico Superior (há cerca de 50 mil anos), houve grande progresso cultural. O Homo sapiens sapiens tornou-s capaz de produzir arpões e lâminas com uma pedra muito dura o sílex, agulhas de ossos e outros objetos. Começou a manifestar mais claramente a religiosidade e desenvolveu a pintura rupestre (feita em pedras).
No final do Paleolítico Superior, ocorreram profundas alterações no clima, na fauna e na flora terrestres, sobretudo na região que hoje conhecemos por Europa. Tratava-se do início do Mesolítico europeu.

No final do Mesolítico, os instrumentos tornaram-se mais sofisticados e especializados: por meio do trabalho, o ser humano iniciou um processo de autoconsciência, ao utilizar o cérebro e os músculos para extrair da natureza o necessário à sobrevivência.

O Neolítico

Costuma-se situar o início do período Neolítico (ou Idade da Pedra Polida) no final da era glacial, há mais ou menos 12 mil anos. Com o aquecimento da crosta terrestre e o degelo em diversas regiões, houve forte elevação do nível dos mares e, consequentemente ocorreram transformações climáticas (surgimento das zonas temperadas, tropicais e subtropicais).

Nesse período, a Terra começou a assumir suas características atuais: formaram-se os grandes rios e desertos, além das florestas temperadas e tropicais. Alguns animais de grande parte desapareceram, dando lugar à fauna que conhecemos animais de grande porte desapareceram, dando lugar à fauna que conhecemos hoje. A vida vegetal também se modificou. Nesse novo ambiente, algumas áreas – geralmente aquelas próximas aos grandes rios, cujas cheias e vazantes regulares fertilizavam e irrigavam o solo – tornaram-se mais favoráveis à sobrevivência humana.

As conquistas técnicas, aliadas às transformações no ambiente, permitiram ao ser humano o controle gradativo da natureza, libertando-o do modelo de sobrevivência baseado na caça e na coleta. Ele aprendeu a reproduzir plantas (raízes e trigo) e domesticar animais (extraindo deles carne, leite, couro e força de tração), como também a estocar em silos parte de sua produção.

Dava-se início a profundas transformações nas relações humanas, provocadas pela revolução na produção agrícola, conhecida como Revolução Agrícola ou Neolítica. Supõe-se que o início do processo de organização de sociedades de agriculturas e pastores tenha ocorrido há cerca de 10 mil anos no Oriente Médio (na região chamada Crescente Fértil) e também, em momentos distintos na Ásia (Índia e China), na Europa e na América.

A agricultura e a domesticação de animais permitiram ao indivíduo tornar-se sedentário e colaboraram para um sensível aumento populacional em algumas regiões. Vivendo em comunidades, os seres humanos começavam a organizar um sistema cooperativo, em que a posse dos instrumentos e da produção era coletiva, e as atividades produtivas baseavam-se em uma divisão sexual do trabalho. Para se proteger e facilitar a produção, as pequenas comunidades reuniram-se em coletividades mais amplas, as tribos.

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